sexta-feira, 26 de abril de 2013

Um pouco de saudosismo não faz mal a ninguém... A casa amarela!


 A tecnologia tem multiplicado informações num espaço de tempo cada vez menor. Tudo passa muito rápido e às vezes as pessoas não se conhecem tão intimamente como antes.
 Mas a tenologia não trouxe somente aspectos negativos na sociedade, claro que não, e graças a ela a vida tem sido facilitada, os trabalhos diários amenizados. E quero falar sobre algo muito interessante.
 Digitei meu endereço de infância, Rua Ibituruna, n° Tal, Bairro Tal, São Paulo. Vi as ruas pelo mapa e cliquei para que abrisse as imagens via satélite.
 Que susto! O coração acelerou, lá estava, a antiga casa, a rua que conta a minha história. Nostalgia. A Casa Amarela.
 Olhei na parte debaixo da imagem, lá tinha a data: Fevereiro de 2011, dois anos atrás e seis anos depois de eu já ter vindo de lá.
 A casa parecia menor, e menos esplendorosa do que quando eu a via pessoalmente (claro!), parecia ser um dia tranquilo aquele, havia sol e eu pude ver que o céu estava lindo, num azul bem clarinho, cm pouquíssimas nuvens. Devia ser uma cena matinal, eu imaginei, umas 10:00 e o sol não devia estar muito forte apesar do horário, como o calor escaldante que geralmente faz aqui, na minha cidade. E lá dentro, alguns anos antes eu estaria na área, lendo jornal com a tia D.
 Naquele instante o carro de produtos de limpeza passava na rua, havia um outro carro estacionado na porta, e o que mais...
 Bem, senti falta do pé de seriguela que tinha lá na frente do portão maior. A casa da vizinha,  a Dona... Qual era mesmo o nome dela? Não acredito que me esqueci!
 Virei a imagem e vi a rua extensa na minha frente, todos os dias de manhã eu saía para comprar algo, mercado, sacolão, Ultrafarma -e aí eu teria que andar um pouco mais porque era só lá na Avenida Jabaquara, mas eu sempre ia, feliz até. - Eu e meus pensamentos, contando passos, casas, tijolos, riscos no chão. Onde eu sempre preferia ir: Na papelaria e na revistaria. Nas diversas revistarias que tinha nas proximidades eu ia sempre, comprar as revistas Witch, e quando menor, os gibis da Turma da Monica, gostava muito.
 Quis fazer o caminho para o colégio, e fui ansiosamente, como eu sempre fazia naquele tempo, ansiosa para chegar logo. Bom, a casa da Fulana, o salão onde fazíamos as unhas... Mais a frente a rua da feira, a casa da costureira e cheguei na avenida. Veja só, o supermercado do Gérson, a papelaria do Tadaschi (se me lembro bem), canetas coloridas, com glitter, sem glitter, perfumadas, enfeitadas, agendas, caderninhos, diários...
 O posto de gasolina e ele parece estar desativado,  não consigo me lembrar ao certo, mas acho que quando vim já estava. Eu me lembro o nome dessa rua: VUTURUNA, lembro porque se parece com o nome da minha (ex) rua:  IBITURUNA.
 E fui chegando ao colégio. Coloquei a imagem frente a ele, e fiquei parada observando, como quando um artista observa a obra de arte esperando brotar ideias e significados daquilo que se está diante dos olhos. Mas eu não esperei, as lembranças e significados estavam diante de mim. Quanta coisa que surgia na minha mente.
 A verdade é que a infância é sempre uma fase feliz de nossas vidas, tudo é festa, no entanto, eu sei que aquele colégio e os alunos que fizeram parte do meu convívio por um ano e meio foram bem mais que especiais na minha vida.
 Ainda que daqui há alguns anos eu me recorde com saudades do tempo de hoje , até mesmo dos problemas, mas o fato é que com saudosismo ou não, aquele tempo foi mesmo diferente.
 Os muros do colégio estavam feios, pintaram de branco, mas em Fevereiro de 2011 já estava bem manchado. Quando eu estudava lá era grafitado, eu lembro.
 Os espaços de dentro passavam na minha mente, os corredores sempre cheios com as trocas de aulas... A quadra que agora está coberta, onde jogávamos handebol, os campeonatos que nós, as meninas da sala sempre perdíamos, e chorávamos (aos 12 anos pasmem!), e os meninos também da nossa sala que sempre ganhavam nos jogos de futebol deles riam da nossa cara: "Suas choronas! parem de moleza." Sútil o Eduardo Wesley.
 O pátio ao lado da outra quadra tinha nosso cantinho, um lugar bom de se estar, haviam algumas árvores  bem altas, que soltavam umas florzinhas pequenininhas amarelas que coloriam o chão, ficávamos em grupo conversando e fazendo brincadeiras... Pena que virtualmente não dá para entrar no interior, mas quando eu for pessoalmente, farei questão!
 Dei um giro de 360° na imagem para rever aquela rua, a qual caminhamos chorando no dia da minha despedida :'( .
 Decido que quero ir  casa da Carol, bom, vamos lá... Contorne o colégio, desce a ladeira e... hum... algo não está aqui, cadê aquela rua tal? Me lembro da ladeira acentuada mas não encontro, volto para o colégio e refaço o caminho... Veja só, quando eu voltar lá realmente, terei que tomar cuidado, me perdi virtualmente!!!
 Então passei pela rua da Gabi, vi a casa dela, lá eu ia ainda aos 7, 8 anos, quando estudávamos no Helena Lemmi.
 Subi a casa da Taty, e de repente, dando uma volta nas proximidades, como quem não quer nada, encontrei a casa da Carol... Festa das "incluídas", filmes (Piratas do Caribe). Os bolos que a mãe del fazia! ... Saudade.
 Bom, na casa da Aline eu nunca tinha ido enquanto morava lá, e antes que pensem que sou uma psicopata com ideia fixa já vou logo me defendendo: não sou não, só estava amenizando a saudade, revivendo a infância, quem nunca fez isso de alguma forma? Se não fez realmente, faça, é bom. É maravilhoso se estar no presente, mas se o passado fosse tão desprezível em nossas vidas, não teria sentido ele ter acontecido, o hoje não teria sentido, pois o presente  e tudo o que se vive aqui e agora, será o passado de amanhã.
 Fato é, que sei o endereço da Aline de cor, pelas cartas que enviávamos uma a outra. E eu encontrei a rua,e também uma casa, uma da mesma cor da minha e outra branca... Hum... Qual seria? Observo cada uma e vejo... Scott? Acho que é Scott o nome do cachorro dela, sim, é ele, na casa branca, um cãozinho "salsicha" marrom, liindo!
 O que tiro de lição olhando para a casa amarela, e pensando no passado, presente e futuro, percebo que sempre estamos onde deveríamos estar, por isso o "E SE..." não deve fazer parte de nossas vidas. Foi bom por minutos reviver várias coisas, é algo tão intenso e tão profundo que é como se realmente estivesse lá, recordar é mesmo reviver, somos capazes de reviver sentimentos, aromas.
 Bom  é ver que cada coisa sempre esteve em seu devido lugar, nem sempre é fácil o caminho que percorremos e na maioria das vezes sentimos que não pertencemos nem a esse nem aquele lugar, mas a verdade é que nada acontece por acaso e que sempre tiramos proveitosas lições sobre tudo. Onde está seu coração é aquilo mesmo pertence a você. Portanto, façamos um brinde ao ontem, ao hoje e ao amanhã; futuro, presente e passado, pois ele nunca acaba e é a nossa história, bom ou ruim, faz parte do que somos.
Oh ! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !
Como são belos os dias
Do despontar da existência !
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor !
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar !
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar !
Casimiro de Abreu